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Os efeitos emocionais do fim de relacionamentos como o de Virginia e Zé Felipe

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Psicóloga Renata Camargo analisa os impactos de uma ruptura amorosa em casais jovens e famosos, e fala sobre como proteger a saúde mental, os filhos e a própria identidade em meio à superexposição

O anúncio da separação de Virginia Fonseca e Zé Felipe, um dos casais mais populares da internet, despertou mais do que comoção nas redes sociais — trouxe à tona discussões urgentes sobre saúde emocional, imagem pública e os efeitos psicológicos de uma ruptura vivida sob os holofotes.

Segundo a psicóloga Renata Camargo, mesmo os términos amigáveis envolvem dor — e, quando a separação acontece em meio à fama e à cobrança constante do público, o impacto emocional é amplificado.

“Toda a separação traz sofrimento, independente se é feita ou não de comum acordo. No caso de pessoas públicas, o desafio é ainda maior, há um plus de estresse e sofrimento agravados por julgamentos, especulações e ataques nas redes sociais.”

Casais como Virginia e Zé Felipe não representam apenas o romance entre duas figuras públicas — eles se tornam, para o imaginário coletivo, símbolos da ideia de amor, família e estabilidade em tempos modernos. Quando esse vínculo se desfaz, o abalo ultrapassa o pessoal.

“Virginia e Zé Felipe, casal admirado por muitos jovens, simbolizavam a esperança no amor e na família em tempos modernos. A dissolução desses laços representa não apenas a quebra de sonhos pessoais, mas também abala a crença coletiva na durabilidade do amor, o que explica o envolvimento coletivo.”

E quando o relacionamento é parte integrante da imagem pública, a separação pode desencadear crises mais profundas.

“Nestes casos públicos, a separação pode resultar ainda em uma crise de identidade, especialmente quando o status de casal é parte significativa da imagem pública. Podem surgir sentimentos de despersonalização, inadequação e ansiedade sobre o futuro. A fama adiciona uma camada de complicação, onde cada ação é analisada publicamente, o que produz um aumento de ansiedade e estresse e uma dificuldade em seguir a vida após a ruptura.”

Reduzir a exposição: um gesto de autocuidado

Renata defende que o afastamento momentâneo das redes sociais pode ser um gesto essencial de autocuidado. Diante da avalanche de opiniões, julgamentos e especulações, preservar a saúde mental exige limites claros.

“Para proteger a saúde mental, o ideal é reduzir a exposição às redes sociais temporariamente, como forma eficaz de evitar comentários negativos em momentos de tanta fragilidade emocional. O apoio profissional de um psicólogo também é fundamental, para que seja possível processar as emoções sem se expor, elaborar o luto e construir novas rotinas.”

“Além disso, definir claramente o que será compartilhado publicamente ajuda a controlar a narrativa e proteger a intimidade do casal. A proximidade de amigos e familiares desempenha um papel crucial, oferecendo suporte emocional e ajudando a manter a perspectiva diante de situações difíceis.”

O luto não escolhe cenário

Mesmo quando há respeito, carinho ou decisão conjunta, o luto amoroso se manifesta. E, segundo a psicóloga, ele precisa ser vivido com tempo e espaço.

“O luto após uma separação é um processo complexo, repleto de altos e baixos emocionais, como tristeza, euforia, negação e dúvidas quanto às decisões tomadas. Esses sentimentos são comuns e fazem parte das etapas do luto, que incluem negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. É essencial permitir-se vivenciar e processar cada uma dessas fases de forma natural.”

“Mesmo numa decisão amigável, dúvidas, incertezas, ciúme e perda de sentido na nova rotina são comuns nos primeiros tempos e são importantes para avaliar se esta foi a melhor decisão.”

“Cada experiência de luto é única, e o tempo para superar cada etapa pode variar de pessoa para pessoa.”

“Outro aspecto importante é a possibilidade de reparação e reconciliação. Cada indivíduo precisa conhecer seus próprios limites e reconhecer quando é o momento de avançar ou recuar em suas decisões, este é um processo totalmente individual e privado. Nenhuma escolha precisa ser permanente; esse período serve para avaliar suas decisões e permitir se reconstruir de maneira que faça sentido para si mesmo.”

“Portanto, é importante ser paciente consigo mesmo e trabalhar internamente essas emoções, permitindo que o tempo ajude na reconstrução da vida.”

A prioridade são os filhos

Nos relacionamentos que envolvem crianças, o cuidado emocional ganha outra camada: a proteção da infância diante da exposição pública.

“Durante uma separação, especialmente sob os holofotes da mídia, é essencial tomar medidas para proteger os filhos. Primeiro, os pais devem estabelecer acordos claros sobre a exposição de detalhes íntimos, assegurando que as crianças tenham o direito de não aparecer na mídia. É crucial que elas compreendam que, apesar do fim do casamento, o papel dos pais permanece inalterado.”

“Os pais devem garantir aos filhos que, independentemente da ruptura conjugal, eles continuam sendo pai e mãe, com amor e dedicação inabaláveis. Assegure-se de que eles saibam que ainda são as pessoas mais importantes em suas vidas e que continuam sendo a prioridade. Essa comunicação clara e garantias contínuas são fundamentais para proteger o bem-estar emocional das crianças durante esse período desafiador.”

Quando o sofrimento dos filhos aparece

Cada faixa etária expressa, à sua maneira, os efeitos de uma separação. A psicóloga Renata Camargo alerta para sinais importantes que podem indicar sofrimento emocional nas crianças e adolescentes.

“Existem, sim, sinais de que uma separação pode afetar as crianças. Esses sinais podem se manifestar de forma diferente dependendo de cada idade. Crianças menores, por exemplo, podem regredir em seu desenvolvimento, apresentando comportamentos de fases anteriores, como voltar a fazer xixi na cama após já terem desfraldado. Crianças em idade escolar podem enfrentar dificuldades na escola, se envolver em conflitos com colegas e apresentar instabilidade emocional.”

“Pré-adolescentes, que estavam começando a desenvolver um equilíbrio emocional, podem ter mais dificuldade em administrar e regular suas emoções, tornando-se menos estáveis em situações escolares e do dia a dia.”

“Adolescentes podem perder temporariamente a admiração pelos pais, o que é importante que os pais reconheçam como passageiro. Estes precisam entender que, apesar dos motivos da separação, os adultos têm o direito de buscar sua felicidade, seja dentro ou fora do casamento.”

“É por isso que é fundamental que o processo de separação seja conduzido de maneira adequada, permitindo que os pais mantenham uma convivência minimamente amigável. Isso ajuda os filhos a permanecerem emocionalmente saudáveis, dentro das possibilidades de cada um.”

E a terapia, continua depois do fim?

Para muitos, o fim do relacionamento marca também o encerramento da terapia de casal. Mas Renata Camargo aponta que esse processo pode — e deve — seguir individualmente.

“Antes de anunciar uma separação, casais públicos geralmente já passaram por longas conversas e debates, muitas vezes buscando ajuda especializada. É crucial que, ao considerar a separação, eles consultem um psicólogo especializado em casal e família. Esse profissional pode ajudar a planejar os próximos passos de forma saudável, preservando a estrutura familiar e minimizando os impactos negativos sobre os filhos.”

“Após a decisão de se separar, o foco muda. Em vez de continuar com a terapia de casal ou família, a não ser que os filhos precisem de suporte contínuo, o ideal é procurar psicólogos para apoio individual. Após a ruptura, é essencial que cada indivíduo busque seu equilíbrio emocional, independentemente de uma possível reconciliação. Isso garante que eles possam seguir em frente de maneira saudável.”

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